Site
de notícias é um dos mais importantes do mundo e
postou matéria sobre a nova onda mundial na
internet

O
site espanhol de notícias El
Pais
postou uma matéria sobre a nova mania mundial dos
jovens de querer ser digital influencers e achar
que isso tem algum poder de mídia e marketing.
Na
reportagem, o site mostra uma digital influencer
chamada Ariana
Renee
(Miami) com 5 milhões de seguidores que não
conseguiu vender 36 camisetas lançadas com
estampas exclusivas com a marca dela.
A
matéria vem a tona em um momento que a imprensa
vem sendo trocada por esse tipo de blogueiros. Em
Minas Gerais, especialmente em BH, algumas
assessorias de imprensa estão trocando a imprensa
tradicional por digital influencers na cobertura de eventos.
Os produtores dão cortesias dos eventos e pedem
divulgação nas redes sociais dos digitais
influencers que só sabem falar bem dos eventos
como se fossem perfeitos e assim tentam garantir
uma boa imagem no mercado.
Leia
a matéria do El Pais.
Abaixo a reprodução!
Seguidores
no Instagram: mais de 2,6 milhões. Seguidores no
Twitter: mais de 350.000. Com o aval desses
números, a usuária de redes sociais Arianna
Renee (Miami, 2000) aventurou-se a lançar sua
própria linha de moda, ERA, um projeto
empresarial nascido da “boa recepção” que a
ideia, segundo sua criadora, tinha supostamente
tido em sua comunidade de admiradores. No entanto,
Arii, o apelido que a jovem de 18 anos utiliza em
suas redes sociais, não conseguiu vender o
mínimo de “36 camisetas” que a empresa
disposta a fabricar suas peças de roupa exigia
para continuar com o projeto. Seu empreendimento
tinha sido um fiasco. Ela comunicou o fracasso em
uma mensagem publicada em 27 de maio no Instagram,
já apagada, na qual lamentava “que ninguém
tivesse cumprido a promessa” de comprar um de
seus designs.
Por
mais contundentes que sejam os números, ter uma
horda de seguidores que curtem cada publicação
não é suficiente para ser um verdadeiro
influenciador ou formador de opinião. A mensagem
da confissão do fracasso empresarial de Arii, por
exemplo, teve 36.000 curtidas - o número mínimo
de itens que deveria ter vendido multiplicado por
mil. “A bolha dos influencers estourou há mais
de um ano, ficou desgastado o modelo de acreditar
que qualquer instagrammer com seguidores pode
incentivar a compra de um produto ou o uso de um
serviço”, afirma Rafaela Almeida, autora do
livro Influencers: La Nueva Tendencia del
Marketing Online, (“influencers: a nova
tendência do marketing online”), lançado em
2017 na Espanha pela editora Base, e CEO e
fundadora da agência de marketing e comunicação
BlaNZ.
O
fracasso de Arii é mais comum do que pode
parecer. É o que afirma José Pablo García Báez,
blogueiro profissional, jornalista e diretor
acadêmico do primeiro master para influenciadores
da Espanha. “O culpado, nestes casos, não é o
influencer, e sim o empresário, que não foi
suficientemente profissional para analisar a
qualidade das publicações e para verificar se o
número de seguidores é real”, acrescenta.
Porque comprar followers, e até comentários, é
fácil e relativamente barato. Por exemplo, 30.000
seguidores novos no Instagram custam 150 euros
(657 reais), e 200 comentários personalizados,
pouco mais de 50 (219 reais).
Mas
pode acontecer que os seguidores sejam reais e,
apesar disso, não sigam as recomendações do
suposto influenciador. É o que, segundo a
própria Arii, ocorreu com ela. “Nunca comprei
seguidores nos quatro anos em que estou nas redes
sociais, ganhei cada um deles”, afirmou em uma
publicação no Instagram no dia 30, na qual
voltou atrás na versão sobre o mínimo de 36
camisetas, aumentando o número necessário de
vendas exigidas para 252, um total de 36 para cada
um dos sete modelos que diz ter apresentado.
Supondo que diga a verdade, por que, então, sua
campanha surtiu tão pouco efeito?
“A
opinião de um influencer só é confiável se ele
for um conhecedor do mercado ou do produto que
recomenda”, explica Rafaela Almeida, que
acredita que existe atualmente uma forma errônea
de enfocar as campanhas de marketing de
influenciadores. Segundo a publicitária, “há
uma confusão entre o marketing de influência e a
publicidade: o primeiro pretende fomentar a
recomendação de produtos a partir de uma
experiência própria, enquanto que a publicidade
não requer essa experiência, requer apenas que
seja repetida uma mensagem e haja repercussão”.
Por isso, confiar que um instagrammer famoso, mas
sem experiência, saiba definir e destacar um
produto “é um erro garrafal”. “Existem
muitas celebridades consideradas influencers que
fracassaram na criação de marcas próprias e, no
entanto, criam tendência para outras marcas só
como modelos”, destaca a especialista em
marketing.
Um
exemplo que ilustra a importância da relação
entre a especialização dos influencers e sua
capacidade de influência é a campanha realizada
em março em Paris pela empresa de telefonia
Huawei para apresentar seu smartphone P30. “Só
da Espanha, [a Huawei] deslocou 150 pessoas, entre
jornalistas, blogueiros, youtubers, influencers e
modelos da Internet, quase todos/as relacionados
com o mundo da moda, cuja sabedoria tecnológica
será questionada em vista do interesse que
dedicam às suas roupas e das palavras com que
presenteiam seus fãs do Instagram”, escreveu em
seu artigo o jornalista do EL PAÍS Ramón Muñoz,
que acompanhou o evento. Embora não existam dados
sobre o resultado obtido pelos influenciadores,
Rafaela Almeida acredita que uma campanha como
essa pode acabar prejudicando a marca. “Se você
está pensando em comprar em um celular de mais de
1.000 euros [4.380 reais], não está interessado
em uma foto com a Torre Eiffel ao fundo, que pode
estar retocada com filtros - o que você quer é
saber, por exemplo, as características da câmera
incorporada ao telefone”, explica.
Por
isso, a melhor pessoa para fazer uma
recomendação não é aquela que tem mais
seguidores, e sim a que tem “mais engagement”
ou capacidade de interagir com seu público,
aponta José Pablo García Báez, cofundador,
juntamente com María José Morón, do blog de
turismo A Tomar Por Mundo. E neste campo se
impõem os “microinfluencers, que têm mais
influência na decisão de venda e são uma figura
muito mais próxima”, acrescenta o jornalista.
Essa
foi a estratégia utilizada pela empresa espanhola
de camisetas Pampling, que conseguiu abrir mercado
na Europa, principalmente na Itália, graças ao
apoio desses microinfluenciadores. “Não olhamos
seu número de seguidores, e sim a qualidade de
seu canal no YouTube ou das publicações em seus
blogs e o público ao qual se dirigem, que em
nosso caso são pessoas de menos de 35 anos que
querem ver seus interesses refletidos em suas
camisetas”, explica Alberto Pala, responsável
pela expansão da marca na Itália. Para ele, a
chave que permitiu multiplicar suas vendas com uma
estratégia de marketing de influenciadores não
está no número de seguidores, mas em “quem se
esconde atrás deles”.
No
caso de Arii, seus seguidores são pessoas que,
segundo a jovem, não cumprem sua palavra. Embora
a única certeza seja a de que a promessa que eles
não cumpriram foi a de comprar suas camisetas. E,
em linguagem de negócios, isso se traduz em pouca
influência.

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